quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Soldado anônimo

Durante o dia você deve me conhecer como Carlos Eduardo, vulgo Cae. Recém formado em publicidade e atualmente trabalhado como bancário. Mas essa é minha identidade dentro do horário comercial.

À noite eu sou o 2º Sargento Cae Skywalker, nas partidas online de Call of Duty 4. Uma pessoa cruel, que sente prazer em ver os miolos alheios espalhados pelo chão.

Minha primeira partida foi há três dias atrás. A diferença eu senti na hora: em Halo 3 o que importa é atirar em tudo e todos. Já em Call of Duty 4 o que importa é trabalho em equipe. No início eu dava uma de Rambo e saia como um louco para cima dos inimigos, totalmente despirocado. É claro que não dava certo e eu logo caía morto.

Depois de praticar, descobri minha vocação. Sniper. Franco atirador para os leigos. E descobri que sou muito bom naquilo que faço.

Começa assim: a partida tem início e a primeira coisa que faço é procurar um local alto, para ter uma visão geral da área. Me posiciono e fico à espera. Leva algum tempo para que o primeiro inimigo apareça e (coitado!) nem imagina o que está por vir. Aperto o botão de prender a respiração – demais! – que ajuda a mirar melhor por alguns segundos e BAM! Um headshot certeiro derruba o infeliz. Como dizia um narrador de futebol: Ta lá mais um corpo estendido no chão.

O inglês continua sendo um desafio, mas já consigo dar e receber algumas ordens básicas de outros jogadores. Se vejo que tem um especialista em explosivos na equipe, me posiciono em solto um “plant a claymore behind me, please” ou um “Cover me” num péssimo inglês, porém compreensível. Ou ouço um “Skywalker, on the roof. Shot him!” e já miro no infame que tá escondido em cima de um telhado próximo.

Mas é claro que não tem só eu de Sniper no jogo. Já cansei de morrer na mão deles, e ainda continuo morrendo, e muito. Às vezes de modo idiota, até. Tava lá eu, bonito, mirando em alguém, e chegava um cara por trás e me pegava numa facada. Sempre há um peixe maior, já dizia Qui-Gon Jin.

E tampouco sou o que mata mais numa partida. Não sou o Rambo, já disse, então não posso ficar correndo atrás do inimigo. Ele que venha até mim. Mas nas partidas em que na equipe há dois ou mais Snipers, aí eu me destaco.

Não vou esquecer uma cena. Tava eu lá, paradinho, só esperando. Daí entra um na minha mira, e logo outro atrás. Miro na cabeça do primeiro e solto o balaço. A bala atravessa a cabeça de um e vai parar na cabeça de outro, levando os dois pro saco e me dando uma tonelada de pontos. Uma cena linda de se ver, no mínimo.

A prática leva à perfeição, já dizia o poeta. Veremos.

Um comentário:

Taty Sputnik, disse...

Cae e sua vidinha medíocre! =S

Deveria sair mais de casa para se aventurar no mundo.