terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sobrevivendo ao inferno

Dia 1: a ida
O dia nem começou e já dá sinais que vai dar merda. Após fazer as malas no dia anterior, a única camiseta boa que sobra pra ir trabalhar é uma que ganhei de natal. Uma camiseta que me fazia parecer, no mínimo, gay. A opinião não foi só minha, já que metade das pessoas que trabalhavam comigo compartilhavam da mesma opinião.

De volta pra casa, ainda levei um tempo reabastecendo o iPod com músicas de qualidade e colocando na bagagem o saudoso Play 2 e a Rolling Stone do mês, que ainda não tive tempo de apreciar com a atenção merecida.

Na estrada, nada de ruim. Trânsito fluindo e em pouco tempo já estávamos no litoral. Um calor do caralho e uma noite abafada eram o sinal de que não seria tão bom ter viajado. Pelo menos eu tinha minhas coisas e não morreria de tédio. Assim pensava eu.


Dia 2: a praia
Acordo cedo. Família querendo ir pra praia é assim: todos com pressa, porque senão o mar evapora. Tudo culpa do aquecimento global, é claro. Pego o iPod, entro no carro e seguimos rumo ao nosso destino.

Sento na areia e logo eu começo ter minhas crises de abstinência. Em cinco minutos já imagino como seria legal ter um cenário de praia em Call of Duty 4. Dez minutos depois, já tenho a fase inteira na minha mente. Aí o meu alter ego se agacha, pega o seu rifle sniper, mira na cabeça de um banhista desavisado e BUM! Tá lá mais um corpo estendido no chão.

Não agüento e vou dar uma volta. Começo a imaginar como Tom Hanks conseguiu viver por mais de 5 anos tendo apenas uma bola de vôlei pra conversar. Não sei o que seria pior: a bola ou a praia.

Em casa, a decepção. A TV, um pouco velha até para os padrões mais baixos, simplesmente não tem entradas para o videogame, que nem foi tirado da mochila.
Minha principal fonte de diversão no carnaval foi pro saco.

À noite, mais merda. Vai lá, toda a família curtir o carnaval na praia. E eu junto. Daí uma mulher joga em mim um daqueles sprays de espuma.

O sangue ferve. Logo imagino uma cena digna de Jogos Mortais e O Albergue. Eu enfiando o spray na garganta dela até a espuma sair pelos ouvidos, nariz e pelo cu. Já me vejo soltando um “enfia essa porra de spray no cu, caralho!”, mas minha mãe tava do meu lado. Ainda sou um bom menino.

-Desculpa gatinho.

- Tudo bem – falo com um sorriso sem graça.

A noite terminou com um encontro com primos que não via há alguns anos, inclusive um playboy que nem eu conhecia, jogando Banco Imobiliário. Diversão de velho, concordo, mas foi a melhor coisa que aconteceu no dia.

Dia 3: a outra praia.
No dia seguinte, mais praia. Uma nova, mais longe. No caminho, começo a reconhecer um pouco o local e lembro que estive por lá há uns 6 anos, com uma namorada, pra visitar um grande amigo meu. Se eu lembrasse de mais detalhes, talvez eu faria até uma visitinha a ele.

Na praia, fico sentado olhando para o mar, como um zumbi. Logo me vem a mente aquela cena de Impacto Profundo. Não dá nem cinco minutos e já imagino um puta meteoro caindo na água e levantando uma onda de centenas de metros, engolindo todos, inclusive eu. Olho para os lados e começo a imaginar coisas como até onde a onda chegaria, o número de mortos, a velocidade dela e se o mundo acabaria.

Levanto a cabeça e vejo um aviãozinho passar, com aquelas faixas publicitárias na cauda. Começo a imaginar que aquele é o vôo 815 da Oceanic, prestes a cair numa ilha deserta no pacífico, e fico torcendo para que ele se arrebente num rochedo próximo, mas pra minha infelicidade isso não ocorre.

À noite, mais carnaval na praia. Eu tava num lugar alto, com o iPod lutando para me privar de músicas com gosto duvidoso, e dava pra ver aquele mar de gente lá embaixo. Fico imaginando em quanto tempo a epidemia mostrada em Extermínio levaria pra exterminar todos lá embaixo. Já estava até vendo a cena: um indivíduo, com uma fúria mortal, atacaria uma pessoa; essa pessoa atacaria mais outra e assim por diante. Isso acabaria com as pessoas da praia, e acabaria com o carnaval também.

Depois, boliche com primos que não via há alguns anos, inclusive o playboy. E mais Banco Imobiliário.

Dia 4: a volta
Depois de uma noite com minha mãe roncando na minha orelha, acordo só. Todos, claro, foram pra praia. Aproveito e já arrumo minha mala, tomo água de coco e fico sentado na varanda, ouvindo música.

Na estrada, assim como a ida, nada de anormal. Transito legal e rapidamente chegamos em casa. Nem desfaço as malas, já vou direto pra uma partidinha de Call of Duty 4, dar uma lida nos blogs alheios e responder os e-mails. Enfim, de volta a civilização.


Dia 5: em casa
Finalmente. Aproveito o que restou do carnaval do jeito que queria. Muito videogame, música, uma mini maratona de 24 Horas, Dexter e a nova temporada de Lost.

Pena que não deu pra fazer só isso durante todo o carnaval.

2 comentários:

Tula disse...

Rsrs...Valeu pelos dvds!!!
Só que Donnie Darko sem chance...={ não passa da cena 2 e Heroes já assisti TUDO!!!! uma maratona de 2 dias!!rsrs...agora Calígula...não passei da primeira cena pq aqui em casa..sem chance...
Mas...valeu!!!

Bjss...

Taty Sputnik, disse...

Puxa vida, que pena que você não curtiu a praia. Faz pelo menos uns 4 anos que não vou em uma =/
Os meninos (Elvio, Tony, Clauber, Pipi...) estão se reunindo pra ir à praia no mês que vem mas... cadê dinheiro? Só na viagem, é o preço do meu aluguel. =(

Tô planejando uma viagem para Ouro Preto, mas só vou conseguir quando o Marcos arrumar um trampo. =/

Quem dera...

Deveria aproveitar, moço, enquanto tem pouca responsabilidade nas costas. Viaja mais, conheça novas pessoas, conheça novos lugares, aprenda coisas novas... daí sai dessa vida virtual de video game e internet que isso acaba afetando sua cabeça.