No entanto, ela desapareceu de sua vista. E Beren ficou mudo, como alguém dominado por algum encantamento. E muito tempo perambulou nos bosques à sua procura, arisco e selvagem como um animal. Em seu coração, ele a chamava de Tinúviel, que significa Rouxinol, filha do crepúsculo, no idioma dos élfos-cinzentos, pois não conhecia outro nome para ela. E a via de longe, como folhas ao vento no outono; e, no inverno, como uma estrela no alto de uma colina; mas uma corrente prendia as pernas dele.
Chegou uma época, perto do amanhecer, na véspera do início da primavera, em que Lúthien estava dançando numa colina verde. De repente, ela começou a cantar. Era um canto agudo, penetrante, como o canto da cotovia, que se ergue dos portões da noite e solta a voz entre as estrelas agonizantes, vendo o Sol por trás das muralhas do mundo. E a canção de Lúthien soltou as algemas do inverno; e as águas congeladas falaram; e flores brotavam da terra fria em que seus pés haviam passado.
Então, o encantamento do silêncio foi desfeito, e Beren a chamou, gritand Tinúviel. E os bosques repetiram seu nome. Ela então parou, admirada, e não mais fugiu. E Beren veio até onde ela estava. Contudo, no instante em que o contemplou, o destino a dominou e ela o amou (...)"
O Silmarillion, pg 207
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